20.10.09

fotossíntese




Eram tão belas
as plantas na tua janela.

E tanto eu lhe disse
necessitavam um vaso maior.

Raízes como asas.

Não pássaros são,
mas ainda assim:
o espaço que expandem
é teu chão, como céu.
E nele cresce o que cultivas.

É como manifesta
e torna visível a vibração entorno
de toda escolha partilhada.

Se uma semente contém potência árvore,
em si essência,
uma sutileza vibra como evidência
de um rumo.

Como faixa de cor código
decodifica e indica:
por aqui é tua estrada
de terra.

A terra é marrom
mas não suja
nem quando gruda
nos pés descalços de caminhar.

Alimento é como terra
Que nutre mas periga excessos e desvios.
Despropósitos descuidam nossos corpos.
Entra terra e sai terra,
terra sobe e terra desce,
forma de solo à montanha.

Muda seu eixo
mas não esquece
(de seus filhos)
A terra não.
A Terra Mãe
fornece.

Impurezas são feitas de intenções malogradas.
A poeira é sutileza da ausência
que assentada negligencia, acumula,
adormece, acostuma e faz adoecer.
Adoecimento é como excesso ou falta.

O que é de ser fluido
Deve ser como devir
Que se e quando cristaliza, adoece e para.
Passa a fazer um nó.

Uma pedra no rio, seixo rolado
vai desgastando redondo
até dissolver.

Sou mais como folha
que se movimenta levada junto com a água.
Mas por hora agarra numa quina de pedra,
balançando sem ainda se soltar.

Que não seja mais
se já não mais se sabe
quem seria e já não é.

Tudo muda.
Até planta muda e poda.
Você não sabe mais onde pisa.

Para erguer em direção a céu
há de fincar mais fundo suas raízes
porque delas bebe o alimento que recebe para nutrir.
Árvores são captadoras e doadoras.
Crescem pra cima somente quando crescem também pra baixo.
A raiz, enraíza.
Equilíbrio.

Pessoas são um pouco como árvores.

2 comentários:

Unknown disse...

é bom ler aqui e senti toda essa sutileza real.

Paula Zilá disse...

Gotosura!

;)