16.12.09

janela




Da janela dos meus olhos, minha casa
vejo vida, vejo verde.
E que tudo nasce do verde.
Vejo seres e outras vezes,
imagino.

Crio imagens na retina
de presenças que nem sempre estão presentes.
Talvez impressões tenham outra lógica para o tempo.

Só sei que converso
e gosto de ouvir o vento
balançando as árvores
verdes.

akáshicos



Tem coisas que agente lê, ouve, diz e se ouve dizendo
que batem fundo e fazem eco infinito de lembrança.
Longe, longínqua...
Atravessam barreiras de esquecimento
para que nos cheguem vagamente.
Nada disso que ouço e falo me pertence.
Nenhum conhecimento.
Minha fala é repetição, um hábito incutido.
para que não se apague da lembrança o ensinamento.

A tradição oral deu lugar a outros aparelhos que falam e tagarelam.
Mas o excesso faz esvaziar e faz perder.
É o nada do tudo.
O grande vazio que há quando tanto há
que se perde o sentido e o valor.

Há de se perceber que pouco ou nada permanece
por seus suportes perecíveis.
O conhecimento sobrevive entranhado, assimilado,
codificado em energia:
Cores, notas musicais e vibrações ecos de lembranças
genéticas da vida, nas realizações que prosseguem
e em tudo que irradiamos e que prossegue se desdobrando
em outras vidas e seres.

Energia quando pertence é sabedoria.
Pertencer é fazer parte de infinitas conexões.
Pertencer nada tem a ver com posse.

Nada me pertence.
Eu pertenço a tudo.