28.9.08

avenida




Quando vê o que passa,
e que é passante todo visível,
aquieta o peito das coisas que se movem

Ao redor orbitam
corpos alheios e partes
vigas estrutras e bases

As partes vivas
e a morte como parte

Como ponte o ser,
através do qual as coisas passam

Pois somente pelos olhos
o que é ilusão permanece
e segue espelhando o nada...
Em silêncio.

21.9.08

fundo



Enquanto desanuvia o rosto
do cansaço da inconstância,
dos calos que a função impõe
e das marcas esculpidas do tempo
Recolhe a face ao chão
retorna à terra, e então
Te recolhe, te retira do mundo um longo instante.

Esconde os olhos enquanto não brilham
E até que brilhem.
Alguns melhores que outros, dias.
A fim que seja plena a entrega
o salto maior, o quântico saltar
É leveza que disseste à beira.

Mas como brotar brilho em recolher semente?

Eleva tua luz do ponto origem
até o ponto de conexão
Para tal, se veja
E deixa ver tal como é
E aceita.
Entrega e dissolve em água.
Um segundo que seja
E de cada vez
E a cada vez
Amansa e intensifica
Um tanto mais que falta
Enraíza

Até lá,
se ainda for,
te encontro
debaixo daquela pedrinha
escondida no fundo do mar
a algumas braçadas do precipício.
Te levo uma boa dose de propósito.