9.1.12

transbordar

No momento do despertar
para um novo estado de ser
re nascer.

Tendo atravessado
íngreme, longa caminhada
desde o outro lado
da vida.

Encontra morada
no útero da mae da terra
e no seu próprio
mae da energia criativa.

Se saber
e ser como se é
amor próprio
amor que transborda
amor divino
amor de mulher.

26.12.10

Propósito (II)



Mais uma sobre propósito:

Como uma grande peça a vida,
em que os papéis personagens são
convocados em sorteios aleatórios.
Hora se faz o papel do forte, da vítima,
do conhecedor e do vazio.

Um personagem permanece
mas se esconde em todos os outros.
E agente brinca de encontrar,
apontando por trás das coxias.
É a testemunha que se vale do ego para brincar de teatro.
E de esconde-esconde
Só mesmo o ego se leva a sério!
E algumas vezes se recusa
querendo desempenhar sempre o papel principal.

Do mocinho iluminado
que nunca fala das coisas do lado sombra,
só perfeição.
Daquele que conquista sempre o que quer.

Mas o final feliz sempre fica no delírio.
Inexiste.
Inexiste nesse mundo de caos transitório.
Sobretudo final não há.

Nessas brincadeiras de criança,
Ilusão mesmo é o desejo e a conquista
Que nada para em sua mão se não existe
Nada disso
Nada se tem
Nada há que se ter.
Tudo termina inacabado e não termina
Só passa o bastão adiante.

Ilusão maior desse teatro do propósito
é que é sempre meio e nunca fim.
No processo tudo acontece como deve e nunca alcança.
E no inconstante inacabado habita o valor
do eterno observar.

descompasso



Minha fonte de energia
É minha paz de espírito,
A tranqüilidade e o ritmo das batidas do meu coração
Como tambor guia do tempo interno
A sintonizar com o tempo do mundo.
Sincronia.
Não faço esforço de desperdício
quando deixo-me levar pelos movimentos fluidos
que respeitam meu corpo, minha alma, meu tempo.

Quando o estrondo agressivo e barulhento
me brada forte no ouvido,
Ceifa-me a motivação sincera de ser
neste estado de existir no tempo natural

Oscilo entre a luz clara dos potenciais vislumbrados
e a escuridão da perda de sentido que me é tomado de assalto
pela inconseqüência da frustração tua,
minha, de todos, e de ninguém.
Que se fazem ecoar, intensas
E que no eco se multiplicam.

É um duelo de forças ocultas
E é no fluxo e contra-fluxo do tempo chronos
que existe uma alavanca chave
que reverteria esse descompasso coletivo.

Então como trazer às vistas claras
o sentido de crer e não crer,
sem lhe calem e que lhe tapem os ouvidos?
Ouvir é receber.
Receptividade feminina de aceitar
É yin. É yang também

Tanto eu lanço as canelas
à fortes pancadas no escuro
E não encontro saída

Algum vaso se rompeu nessa ligação sutil
E o sentido de reconectar aqui
É mais receber e aceitar e esperar
Do que dizer, pensar agir, decidir e ordenar.

É yin. È yang também.
É integração dos opostos
É limpeza interna, meu pai
É ouvir a voz do vento
É ouvir a tua própria voz interna
Silenciando todo fazer cego, seco
É alma nas coisas e no fazer
E ritmo sem cansaço de exaurir as forças íntimas

É sim, revisão de valores.
E aceitar o novo,
eliminar contradições
e integrar os opostos em síntese

É a última chamada de um trem que se prepara para partir
a cada instante.

12.6.10

carta




Este ser que hoje habita seu ventre, útero, âmago
é uma centelha do amor divino
um fragmento do milagre da vida,
um ser de luz gestando em matéria.

Esta alma te escolheu,
e você à ela.

(Nada é por acaso)

Para amar, para aprender,
para que auxiliem uma à outra nesta etapa de aprendizado,
para que evoluam e cresçam.
E o caminho para isso é o AMOR.
A lição máxima desta existência,
a fórmula mágica, o elixir da vida, o segredo...AMOR.

Ame mais, ame até transbordar.
Sempre que sentir que algo está faltando,
adicione um pouco mais de amor,
e a vida muda de cor.
Com o amor de mãe, outras lições de vida.

Se teu corpo é como um templo,
Hoje um visitante, um viajante cósmico
pede passagem e abrigo.
Acolha, se aninhe, faça um lar.
Ouça seu corpo.
Lembra que já neste instante
tecem em tramas de fios dourados
as conexões eternas de amor entre suas almas.
E entre seus corpos.
Pois tudo que você sente,
também a criança sente.

Esta criança é viva e pulsante,
e a cada dia algo novo acontece e transforma.
Sinta mais. Cuide mais.
Este ser há de carregar em si os teus genes,
os sonhos do amanhã,
a energia em continuidade.
Ele é o futuro.
Seja cuidadosa.

Sua vida há de expandir e transformar.
E quando menos perceber
seus olhos verão outras cores
e outros caminhos serão abertos.
Deixe ser, deixe ser leve.
Deixe que o vento te leve.

Muita luz na missão de ser mãe.

Conte sempre comigo porque te quero bem,
e amo este ser à caminho
antes ainda de conhecer seu rosto.
Não há nada mais belo e divino do que gerar vida.

Com amor,
Amanda.

3.5.10

Existência




Quando a luz decompõe,
espalha em prisma na terra
através da água cristalina.
Atravessa

Sete cores
Sete notas musicais
Sete camadas
Sete ondas
Em vibração
Como sete degraus

Da luz nasce um portal
Arco-íris convida
Purifica
Transmuta e renasce.

Tudo retorna à origem
O eterno retorno dos sábios
É fluxo pulsante
Pulso pulmão dos povos
Entre ser e não-ser
e não ou
Cheio e vazio
Tudo e nada

Mistérios insondáveis

Justo onde formam as ondas
Linha, pauta, escala de sons
Padrões geométricos como astros e órbitas
Espirais e círculos e círculos
Ecos expansivos de possibilidades
Nas quais transitamos por escolha
Entre encontros e desencontros
Espelhos de nós mesmos
Interna como externamente
Microcosmos, macrocosmos


Ondas de rádio embora invisíveis são notórias por realidade
E eis que tornar visível depende da luz que revela as coisas
É como decodificar
Através das cores
Absorve ou reflete
Luz

Prece



Que se faça a sinceridade e a simplicidade em cada sorriso
Como porta-voz de nossos silêncios
E silenciem todas as dúvidas que ressoam tempo em tempo,
Mas que a incerteza seja sempre a porta aberta para o inesperado
e o futuro, como possível ilimitado.

Bem-vindas sejam as pedras que edificam os caminhos,
internos e externos,
e que, dissipando as ilusões da dualidade, se integrem em potência

Que o verde que nos cerca, a água pura que nos banha,
que a terra sob nossos pés e o alimento pelo qual agradecemos
sejam abençoados e possam ser partilhados de forma justa.

Que se leve disto tudo,
que cala e aflige
do que ensina e brilha os olhos,
apenas a compreensão e o amor
que se manifestam como onda expansiva
para além das barreiras do ego.

Com humildade, que o propósito devido
Ainda que misterioso
Se faça através do existir e ao redor

E que se saiba permitir e aceitar com plenitude
Os destinos e rumos de nossas escolhas
Assim como a orientação de nossos guias mais genuínos

Sem a pretensão que não cabe
Mas por não saber da prece mais precisa
Que seja simplesmente como é e deve ser
Na sua mais perfeita ordem natural
Ainda que nos escape em dimensão

E como mais poderia?

Corrente para o bem
e para a luz.
Que assim seja.
Seja É.

Amor




Foi o amor que me trouxe até aqui.

E por ironia,
foi pelo amor primeiro
foi pelo amor homem-mulher
que senti primeiro o que viria a ser princípio.
(Há para quem seja desvio.)
Do amor próprio, da compaixão
da compreensão, do compartilhar
do se conhecer e do querer bem.

Porque nunca houvera amado e não podia saber.
Havia muitas partes e muitas portas e muitos detalhes nesse sentir
Haviam partes feias de precisar, e de não bastar
Mas havia o sentir o mundo mais colorido de querer ser melhor

E quando ele se foi,
porque precisava e porque tudo passa,
depois de tudo que era ausência,
algo reluziu ali,
se fazendo ver que permanecera.

Era semente.
A semente de compreensão
de um amar verbo infinitivo
que transcende.

Um amor que nutria sem objeto.

Como o que há por trás das cortinas
do aprender do amor entre os seres.

Eu era digna de ser amada.
Eu era um nome
que alguém havia pronunciado com amor.
E que ainda antes, alguém havia escolhido com amor.
Para que alguém pronunciasse com amor.

Eu era.

E consolidava saber que ainda antes,
outros tantos amaram e foram amados
e fizeram tempo
antes mesmo que o amor se fizesse
em letra e palavra
E antes mesmo que algum ser de luz, falasse
e que algum poeta escrevesse
e outros tantos
até que se esquecesse o sentido,
e restasse só a palavra, encardida, e piegas.

E antes mesmo que todo amar que não tivesse objeto,
virasse arte.
Como amor que, sem direção, espalha.

Então hoje ainda se podem amar homens, pessoas,
seres, coisas, tempos, sonhos e idéias.

E em ocasões iluminadas, o amor simplesmente acontece
Sem objeto, ao próximo mais próximo, a si, ao todo...
Sempre que transbordamos de lembrar

Somos gotas de amor manifesto.