26.12.10

Propósito (II)



Mais uma sobre propósito:

Como uma grande peça a vida,
em que os papéis personagens são
convocados em sorteios aleatórios.
Hora se faz o papel do forte, da vítima,
do conhecedor e do vazio.

Um personagem permanece
mas se esconde em todos os outros.
E agente brinca de encontrar,
apontando por trás das coxias.
É a testemunha que se vale do ego para brincar de teatro.
E de esconde-esconde
Só mesmo o ego se leva a sério!
E algumas vezes se recusa
querendo desempenhar sempre o papel principal.

Do mocinho iluminado
que nunca fala das coisas do lado sombra,
só perfeição.
Daquele que conquista sempre o que quer.

Mas o final feliz sempre fica no delírio.
Inexiste.
Inexiste nesse mundo de caos transitório.
Sobretudo final não há.

Nessas brincadeiras de criança,
Ilusão mesmo é o desejo e a conquista
Que nada para em sua mão se não existe
Nada disso
Nada se tem
Nada há que se ter.
Tudo termina inacabado e não termina
Só passa o bastão adiante.

Ilusão maior desse teatro do propósito
é que é sempre meio e nunca fim.
No processo tudo acontece como deve e nunca alcança.
E no inconstante inacabado habita o valor
do eterno observar.

4 comentários:

Felipe disse...

UAU, AMANDA.
QUE LINDA POESIA!
MUITO AGRADECIDO, VIU?

Alpa Zen disse...

"E no inconstante inacabado habita o valor
do eterno observar"

Muito sutil!

Paula Zilá disse...

gosto de tudo aqui, do verde, da palavra, da sensação que nãO É SÓ PALAVRA do corpo que vc cria a todo instante.

em um nome:

Hundertwasser

achei parecido com Amanda, a chuva que fertiliza a terra e faz florescer, que nem na música q a gente gosta de cantar.

lembra?

Serrano disse...

Boa veia poética