3.5.10

Amor




Foi o amor que me trouxe até aqui.

E por ironia,
foi pelo amor primeiro
foi pelo amor homem-mulher
que senti primeiro o que viria a ser princípio.
(Há para quem seja desvio.)
Do amor próprio, da compaixão
da compreensão, do compartilhar
do se conhecer e do querer bem.

Porque nunca houvera amado e não podia saber.
Havia muitas partes e muitas portas e muitos detalhes nesse sentir
Haviam partes feias de precisar, e de não bastar
Mas havia o sentir o mundo mais colorido de querer ser melhor

E quando ele se foi,
porque precisava e porque tudo passa,
depois de tudo que era ausência,
algo reluziu ali,
se fazendo ver que permanecera.

Era semente.
A semente de compreensão
de um amar verbo infinitivo
que transcende.

Um amor que nutria sem objeto.

Como o que há por trás das cortinas
do aprender do amor entre os seres.

Eu era digna de ser amada.
Eu era um nome
que alguém havia pronunciado com amor.
E que ainda antes, alguém havia escolhido com amor.
Para que alguém pronunciasse com amor.

Eu era.

E consolidava saber que ainda antes,
outros tantos amaram e foram amados
e fizeram tempo
antes mesmo que o amor se fizesse
em letra e palavra
E antes mesmo que algum ser de luz, falasse
e que algum poeta escrevesse
e outros tantos
até que se esquecesse o sentido,
e restasse só a palavra, encardida, e piegas.

E antes mesmo que todo amar que não tivesse objeto,
virasse arte.
Como amor que, sem direção, espalha.

Então hoje ainda se podem amar homens, pessoas,
seres, coisas, tempos, sonhos e idéias.

E em ocasões iluminadas, o amor simplesmente acontece
Sem objeto, ao próximo mais próximo, a si, ao todo...
Sempre que transbordamos de lembrar

Somos gotas de amor manifesto.

Um comentário:

Paula Zilá disse...

Que chova esse amor transbordante - água da vida - em todos e para todos, quaisquer que sejam eles.