21.9.08

fundo



Enquanto desanuvia o rosto
do cansaço da inconstância,
dos calos que a função impõe
e das marcas esculpidas do tempo
Recolhe a face ao chão
retorna à terra, e então
Te recolhe, te retira do mundo um longo instante.

Esconde os olhos enquanto não brilham
E até que brilhem.
Alguns melhores que outros, dias.
A fim que seja plena a entrega
o salto maior, o quântico saltar
É leveza que disseste à beira.

Mas como brotar brilho em recolher semente?

Eleva tua luz do ponto origem
até o ponto de conexão
Para tal, se veja
E deixa ver tal como é
E aceita.
Entrega e dissolve em água.
Um segundo que seja
E de cada vez
E a cada vez
Amansa e intensifica
Um tanto mais que falta
Enraíza

Até lá,
se ainda for,
te encontro
debaixo daquela pedrinha
escondida no fundo do mar
a algumas braçadas do precipício.
Te levo uma boa dose de propósito.

Um comentário:

Paula Zilá disse...

Poucas vezes eu li alguma coisa tão bela e que mexesse tanto comigo.
É tão bom o que escrevestes, que cala.
Cala, ouve, escuta as ondas do mar, deixa o vento bater ba cara... sente, querida, que lindo é viver...
que lindo é estar aqui.
consigo ouvir o silêncio das tuas palavras.
E a beleza e intensiadade do seu sentir.
Um grande beijo, doida pra ter um encontro mais longo e sereno.

Zilá