20.11.09

ilusão



Seu pequeno corpo caiu,
fez ruído no asfalto.
E fez-se ouvir mesmo com todos os outros barulhos
de uma avenida movimentada ao fim do dia.

E o sol se punha, fim.
Suas asas se cansaram
de lutar contra o vento das circunstâncias.

É real, foi real.
E o cansaço ao fim do dia
é mais do que real,
se pensarmos na quantidade
de pensamentos semelhantes.

Finda o dia,
e sempre retorna eterno.
À mercê dos sopros outros.
À vontade da roda que gira.

Um pequeno ser como este
não faz estardalhaço ao morrer,
e deixa esta existência
quase sem ser notado.
Passa longe dos jornais
e da atenção simples das pessoas.
Já é tanta disposta nos letreiros.
Quem haveria de prestar ouvidos?

É simples:
Tudo morre,
basta estar vivo.

Uma folha que cai da árvore.
Uma árvore numa floresta.
Uma floresta no mundo
e por sua vez no infinito.
Universo.

Não fosse um olhar desconectado.
Não fosse a grandeza de servir lição
Meus guias, meus mestres, professores...
Eu ouço a voz da Terra.
Especialmente ao fim do dia.
E pelos últimos raios de sol reluzindo,
uma libélula em seu último sopro me disse:

O que morre é a ilusão.

Um comentário:

Paula Zilá disse...

e entao nascem tantas outras coisas