26.4.09


Remendo com não-palavras 
que poesia é mais vida que palavra 
porque tem vontade própria. 

Do que passou 
desata todos nós 
redime a todos nós 
em diluição 
porque também passaremos. 

Lealdade é como respeitar 
a transparência do que aparenta 
e sempre estar 
atento, meditativo. 

De forma que para enxergar o outro 
há de se apagar os olhos de si. 

Caso contrário, escorre 
o espelho se torna vazio de imagem 
e passa a rugir vaidade traiçoeira. 
Como a que seduz Narciso 
às águas fundas de um rio sagrado. 

Caso contrário, 
o que é possível encontro 
se torna repetição de qualquer coisa já vivida 
e não-presente, refletido em vão. 

...

Que mal nenhum me tome os olhos de certeza.
Para assim, livre de qualquer desvio
superar firme a armadilha da clareza. 

Porque não me é permtido 
dizer além do que o ouvido pode ouvir.
Coisas assim não devem jamais cair 
nas correntes tortas de vento sul.

Não é de bom tom 
tocar pontos que fogem ao alcance 
que escapam de escolha 
e que tocam outros pontos.
E não convém sair de si por atalhos tortuosos.
Ainda que necessário seja 
protejer-se à luz do sol .

Somente aceito, porque sou feita de sonhos.
 
A única ilusão que não cabe nos sonhos  
dos que recordam-se sonhadores 
é escapar a ilusão.

E conheço a estrada  
nos lampejos raios de luz trovãoque cortam os céus,
isso não me isenta porém,  
de tropeçar os pés  
nas sempre pedras do caminho.

2 comentários:

Paula Zilá disse...

ISSO!
É!

Unknown disse...

desata nós
e desata "NÓIS"
processos... lembra?