30.4.09

ilumina



A vida lhe entregara um presente 
Além da própria vida presente 

Como resposta à sua presença. 
Florindo leveza de flores 
Cores e penas de pássaro. 

Foi retribuição 
que lhe soprou ao ouvido 
prestar-lhe serviço. 

Quando se fala dos tempos, 
do choro da Terra e de sua luz
alerta a luz que está para todos 
Leciona em grande lição 
Suspiro de perdão 

... 
Havia perdoado um abraço antes de dormir 
Havia sonhado com flores 
E logo de início o dia anunciava sutileza 
Em meio aos carros, avenida 
Um cantar de grilo 
que poucos, ou ninguém ouviu. 

E soube. 
Há de se ter olhos para ouvir sutilezas 
Que as vibrações positivas  
são menos brutas que as batidas  
fortes e agressivas do dia-a-dia 

Percebera 
que é nas sutilezas  
que se escondem as verdades do mundo. 

Levava no ventre 
o amor que coletara no vento 
e as pequenas sutilezas 
que encontrou pelo caminho 
para mostrar às suas crianças. 

Decidira lhes mostrar sobre o orgânico 
e sobre o mundo dos homens 
Decidira lhes falar de alma 
Decidira ser porta-voz da beleza das coisas de luz 
Decidira-se. 

Sentiu existência tomando conta 
adentrando cada poro da pele marcada 
cada esquina escura de profundidade


E os olhos que sempre manifestam 
encheram-se d´água, mas com alegria esta vez 
Transbordava. 

Veio-lhe prosear um senhor de idade 
Pensou as estações da vida 
Ele falava saúde 
Solicitava olhos carinhosos e ouvidos atentos 
Soube ser prestativa. 

Pensou naquela carta 
Rito de passagem 
Pensou em tudo, mas por sensação 
Refletiu corpo e alimento 
Pensamento e vibração 

Sentiu gratidão 
E agradeceu todos que vieram auxílio 
Porque nunca havia gritado tão real e tão forte 
Lembrara da voz no mundo  
E de dizer palavras doces 

Pensou nele, pensou nela 
Pensou neles, pensou nós 
A roda ciranda girando 
Somos todos crianças 

Pensou prosseguir palavras, 
poéticas e sobretudo transmutar 

Sentiu-se mais perto um longo passo 
porque fora verdadeira.
Pensou humildade e troca 
E pensou silêncio. 

Digo que pensou tantas coisas 
Mas por um segundo  
que lhe invadiu como enchente 

Pensou resumir mas não sabia parar 
Até que uma formiga lhe mordeu o dedo 
Riu-se 

E lembrou de ouvir o canto do bem-te-vi e outros seres 
Já ganhara o dia, talvez uma vida toda nos pulmões 
Mas prenunciava recomeços, viagens e desafios 
Estava pronta. 


Um comentário:

Jô Rodrigues disse...

Gostei de um monte de coisa que li aqui.