17.10.08

um dia...




Eis que pousa, pintada aos meus pés, mariposa.
Mas pousa ao contrário, como não torna voar.

Levanto-lhe as asas em vôo assistido,
que tarda um tanto mais cessar.

Recorrente.
Ciclo que ali encerra
Mensagem soprada no vento
Quem sabe um nome, palavra-sutileza

O silêncio que precede.

Um dia perdido no tempo.

Ao alcance das mãos,
sinto pequenas porção de azedo
de brilho violeta.
Pequenos acontecimentos
se mostram aos meus olhos como indicações,
dejá-vus e pormenores.

As sutilezas guiam em direção à luz.
Mas poderiam um peixe e um pássaro
habitar o mesmo espaço?

É que algo está prestes a girar alguns graus
na direção da linha sinuosa que traço enquanto existo
e caminho.
Que são raízes?
E o que são asas?

Um palco para meus devaneios
E tudo que sinto é esconder-me.

Existe um esforço que não deveria
Esse vendaval, soprando poeira nos olhos,
empurrando a porta a bater...
Caio da cama como impelida a despertar de um ritual.
Rito de passagem.

Mas por hora, a porta permanece
aberta pelo lado de fora
Entreaberta.
Como tem de ser.
Como tende ser.

Caminhamos pelas mesmas trilhas verdes
Entre luzes e sombras
Alguns passos firmes
Alguns passos em falso
E sempre há busca, nem sempre encontro
Um raio, um espelho ou um mestre.

3 comentários:

Unknown disse...

Mas poderiam um peixe e um pássaro
habitar o mesmo espaço?

Peixe me lembra agua e passaro me lembra ar...

Mas poderiam uma agua e um ar habitar o mesmo espaço?

Cada um em seu espaço formando um grande espaço complementar...
O peixe ensina para o passaro as coisas boas da agua e o passaro ensina para o peixe as coisas boas do ar...
E assim teremos um passaro que sabe nadar e um peixe que sabe voar...
Cada um em seu espaço no grande espaço... Cada um com suas caracteristicas de agua e ar...

Paula Zilá disse...

incrível, ou nem tanto,

parecia descrever um tanto do que tenho fruido.

vivido,

pensado,

sentido.

Paula Zilá disse...

Escher