18.10.08

enfim prosa.

É possível meditar enquanto lava-se a louça.
E tal simplicidade inspirou-me a escrever em prosa.

Um retorno delicado, vou pisando com jeitinho na terra terreno arenoso escorregadio...Usar “todas as letras” é as vezes difícil.
Tenta dizer tudo e nunca chega.
Mais ainda quando ousa falar do sutil e do invisível.
Pois para tornar visível é preciso delicadeza
a não fazer desmanchar, diluir ou distorcer o que é frágil sutileza.

Nota: Esforçar-se em não alongar demais.

Voltando ao concreto mundano (tudo que move é sagrado, mesmo cotidiano, agente é que esquece), observava eu, um coador de plástico, escurecido de coar feijão. Quem coaria o feijão? Bom, existe e não vem ao caso.

O fato é que pensava na capacidade que tem a matéria de reter impressões do que lhes passa através. Por extensão de sentido, se matéria é composta de energia como tudo o mais, essa se aplica a lugares, pessoas, objetos coisas, todo visível.
Somos suscetíveis.

Um objeto que serve de filtro, evidencia como sutilezas e poeiras acumuladas de tempo e repetição podem modificar-lhe de forma permanente e visível.

Nota: Observar meia encardida.

Em ditado popular sempre se encontra sabedoria de forma simples. Tudo já foi dito. O contemporâneo é revisitar. Neste caso: “Água mole e pedra dura tanto bate até que fura.” Inclusive a meia, e aquela blusa velha que agente se apega.

É de dizer:
Quantas vezes algo precisa ser dito
até que possa ser compreendido?
A palavra falada, o pensamento proferido, a intenção semi-manifesta... Essas coisas fortalecem com o passar do tempo e da repetição.

É desta forma que nos tornamos aquilo que pensamos
(mesmo sem se dar conta: consciente 10%, inconsciente 90%)

Minha maior intriga do ser humano sempre foi a capacidade inerente de se tornar o que mais abomina.
É simples o conceito do processo: retenção

Um filho de pai autoritário pode tornar-se o mesmo.
Por tanto negar tal atitude, acaba por reproduzi-la.
Assim, por não saber do poder que tem “ uma mentira, quando dita mil vezes, de se tornar verdade”, o que fica retido se faz recorrente e se torna real, visível e palpável. Como o processo é gradativo, há quem se dê conta apenas após o fato consumado.

Nota compartilhada: Lembrar de sempre limpar bem os filtros internos de nossos fluxos de água (água = sentimento) e rever conceitos e (im)posturas sutis. Moralidades.

O restante fica no espaço vazio entre as palavras,
que sequer a prosa pode suprir.

2 comentários:

Unknown disse...

Realmente eu gostei... Achei legal a maneira simples de dizer... Usando coisas do cotidiano... Muito sutil e compreensivo para todos (até para mim)...
Ai meu bem, eu tenho tantas saudades...
Sabe qua aqui comecei a dar valor para aqueles "simples" abraços de todos os dias...
Abracei carinhosamente muitas pessoas nessa viagem mas é diferente, falta algo... Me sinto como se nao tivesse ganhado nenhum abraço este ano e fico na espectativa dos abraços quando eu voltar... Sinto falta do abraço de voces...
Amo-te!!!

Paula Zilá disse...

Caramba, parei dez vezes pra sentir, 999 pa dizer:
qdo eu crescer quero ser igual a vc!

menina mais linda, mais sensível do mundo meu!


beijo grande, querida.

e cheio de muita ternura e notas sutis.