9.1.09

nostalgia




Disseram que só faço te buscar
Em cada outro, outros braços, outros olhos
Você que foi a medida exata do meu abraço
E a desmedida razão e além
Vibrava tanto que escapuliu

Disseram que venho buscando há muito
Um algo não-qualquer que perdi

Talvez seja que esse desassossego
Me tenha despertado
E que não soube mais achar refúgio
Que deixei desvanecer no tempo
Aquele vestido que você gostava
Desbotou.

Mas ainda sinto o desejo incidindo
Uma imagem de memória ilusão
Me dizia da beleza de quem olha
E aos teus olhos eu era
Embora recusasse acreditar.

Seria o que quisesse
Eu que nunca fui de submissão
Mas me queria tal e qual
Então, me queria melhor
Me fazia crescer no teu solo
Que buscando, me perdi
Porque me sabia ainda mais fundo

Foi assim
não só de flores
E se é mesmo verdade o que dizem
Tenho que reinventar algumas palavras
Recolher do fundo essa pedra esquecida
Guardada à gaveta incômoda
Pedra no sapato
Que a caminhada é longa
E não quero parar

Não desistiria da busca
Por nada nem ninguém
Ao contrário do que tentaram insinuar

É por isso que sigo cantando
canção de terra chamando chuva.

3 comentários:

rubiane maia disse...

tem coisas que nunca mudam... já outras se tornam passagens dentre tantas outras que forma este mosaico infinito.

Priscila Milanez disse...

bonito texto, moça! Bonito mesmo.

Paula Zilá disse...

Você é foda demais!
Desculpe o termo chulo pra coisas ditas com tanta sublimidade, mas fico sem palavras pra dizer o que sinto quando leio o que escreves. E o que melhor vem a mim é expressão de espanto, espanto de belezura!