29.6.08

Ao vento

Essa sensação que sinto ao lado teu
Não é simplesmente.
Em tentar preencher o vazio
Entre nossos corpos com palavras
Sem intervalos, ruídos intermitentes.
A certa altura perco os sentidos
Minha boca insiste em proferir
Mas me sento ao longe de tudo
E observo.

Essa tentativa, impulso do nada
Que é medo.
Medo de que me leia nos olhos
Porque em algum lugar em mim, sei:
Ainda não.

Não quero que me veja
O buraco negro interior
E isso é não estar pronto
Para deparar-se com o outro.
Observo porque devo aprender
E as areias verdes desmoronam em avalanche
Na ampulheta caótica do tempo
Tempo das coisas fugidias
Tempo das coisas mortas
E de que sejam enterradas.

É que já não quero
Abarcar o mundo num só passo
Mas dar passos cada vez mais largos.
E a cada tropeço, sinto mais forte
Só não desejo embrutecer
Mas se necessário faz,
Lapidar

Que me importa quem
Se com olhos de neblina
Aquilo que vejo talvez seja imaginado
E a distinção do real é sutil
Que chego a ver melhor
Com olhos fechados.

Simples, se não conta visão
Que seja no tato
No cheiro
E é este diante de mim?
Não importa agora
Importa antes ser
Sem isso, nada nunca É.

Um comentário:

Água - amana - tupi chuva. disse...

Queria que você lesse isso.
Só para que pudesse
vir a talvez
compreender.
Você não é só,
só você,
São outros
você.