3.5.10

em nome



Se crês na magia e no invisível,
como ousa gritar-me ao pé do ouvido
palavras amargas e cargas ancestrais
de fendas femininas
de chagas e fogueiras
à força bruta?

Em meu nome
e em nome do sangue me correndo às veias
da água escorrendo a montanha,
do vento levando os fonemas,
os sons e ecos lançados.

A palavra proferida não retorna.
Se transmuta em vibração
invisível no mundo ilusão.

E distancia,
não enxerga.

É buraco fundo.
É o fim de tudo.
Tudo já foi dito,
tanto já me dei,
tanto que já disse...

Agora quero estar muda.
E surda e cega aos teus apelos.
Tudo em vão.

Porque me escapa e esvazia.
Leva tudo o que quiser,
mas me deixa.
Me deixa seguir sozinha.

E desvia os olhos do meu caminho

Se não é teu anseio e não faz jus com o meu,
se não acredita e não enxerga,
não mais peça
para se fazer ver pelos meus olhos.
E não me culpe pela imagem escura que cativas.
Me respeita as lacunas e as recaídas.
E se afasta.

Cada investida é uma enxada arrancada de terra
e uma profunda construção abandonada à espera,
do fim.

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