24.3.09

do medo que tenho e do tempo que faz

Eu bem lhe queria falar
das chuvas que me recaíram sobre os ombros.
Fazendo sonora a presença sutil,
das palavras que não se fazem ouvir
e das presenças que não se fazem ver.

Mas é que lhe devo invocar
em nome do medo uma última vez,
e que ceda então lugar ao novo.

O que se deseja expresssar mais simples
através do meu corpo, lábios,
existência que se desdobra no caminhar...

A que vim ter entre vós.
Que foi também origem dos desenganos.
Do que sonhei naquela noite ao teu lado,
que me despertou todo medo
e que não soube dizer,
mas que ainda assim me veio perguntar.

Que só ousei dizer uma vez,
mas nunca ao teu ouvido.
E que temi que lhe alcançasse,
que lhe transparecesse,
e que foi todo sentido.

Será que me engano de novo?
Em confundir mensageiro e mensagem?
Se assim for, me perdoe.
Mas devo lhe falar que meu coração bate,
que é vivo e anseia cheio de amor.
Por trás destes muros verdes
de hera cultivada no abandono.

Eu sei que não é o suficiente saber,
mas quantas voltas o mundo há de completar
antes que me possa apresentar a ti e dizer:
Estou pronta.(?)
Por que nesta hora nada haverá de ser dito,
e me perguntarei porque esperei tanto tempo.
Antes nada adianta saber.

Não chego a lugar algum por aqui.
E nada disse, receio.

Teu sentido é como o meu,
exceto pelo medo.
E isso é real.

Um comentário:

Anônimo disse...

É lindo, lindo, lindo demais moça.

No fim vai ficar tudo bem.

Namastê.

=*