15.11.08

voltando para a terra




Lugar de poder, me concede cura
e mostra tuas quatro faces do tempo.

Ouvi o chamado da terra.

Dizia da minha presença como retorno
Água brotando do chão, escorrendo pelas fendas e vales
percorrendo as veias do solo e pulsando viva
Tornando fértil, e deixando passos de memória
Brotando possível a vida ao redor que dormia.
A roda arco-íris
Orbitando espiral, desobstruindo fluxos
do que está manifesto e do que ainda não.

E tive medo enquanto me via destemida
a aceitar o propósito que se erguia adiante
Gerar vida, como água voltando pra terra
A luz mais elevada em prisma de cores brilhantes
Paquerando o sol que me faça mulher
E me sacie o ventre de mãe que sou
E filha e neta.
Mãe da energia criativa
Água. Mãe. Vida. Ventre.
A Terra diz chorando a ingratidão dos homens

Sim, olhei a morte nos olhos
Mas é segredo, eu respondi.

Agora as vozes estão do meu lado
Basta que tenha ouvidos para ouvir
Pois falta-me ainda o silêncio do corpo
O canal se abre em púrpura.
Entre relances de vermelho ventre.

Sim, eu disse.

Vi o encontro do céu pai azul com a terra mãe
Nuvens brancas mostrando asas pelo infinito
E árvores de raízes profundas criando vínculos
Passando adiante as gerações
Onde as superfícies de orvalho
Reluzem sonhos e sons
Verdes de brilho infinito
Tambores e cantos de pássaros
Onde as cercas dissipam tua presença através
A perder de vista,
uma à uma
linhas imaginárias de espaços sagrados
pessoais e coletivos
lugares e não-lugares
Todos interligados em unidade.
Ser e vir a ser.
E ser tudo.
E ser É.

Despertei com batidas fortes de coração pulsando
De um sono profundo, habitado de sonhos reais
Como visões que tocam os olhos
e ainda assim não creio que falem futuro,
mas sempre à frente, porvir
Medos, potências e passagens
Portas em desdobramentos quânticos.

E desse jeito tudo o mais se tornou vazio.
Nuvens dissipadas como véu de água transparente
em respingos de brilhos para lavar a alma de outros tempos
Finalmente choveu um choro profundo de cura,
tal ferida antiga qual jornada de minh´alma

Como pude esquecer algo tão parte?
Algo que havia sido perdido, retorna
Agora lembrar que a linguagem
é a primeira manifestação da escolha.

Sim, eu disse.

Sou água voltando para a terra.

4 comentários:

Tiago Ferreira disse...

É´.

relembrar o sentido das coisas e´sempre válido, esteja bem, zem,e feliz.
ser ;e´fundamental, oq eu gosto em você e´que voce e´uma garota bonita q nunca esta´ em nenhum projeto, nenhum lugar e nenhum sentimento, você sempre É tudo oq faz,
você sempre o vivencia , voce VIDA os lugares para poder estar neles.

eu hoje tenho o fato assimilado de que a vida e´passageira, e que nem adianta prender la, a deixo ir como aguas dos rios do caparaó.



quando eu estiver melhor nos vemos.
bj

rubiane maia disse...

Só me resta o silêncio.
Nada mais s ser dito, pois somos todos parte de um mesmo infinito.
Invisto no sentir cada fragmento de tempo que passa e no espaço me perco em processos que se atravessam e entrecruzam... nem por hoje, mas por agora apenas SER parte de tudo que É... se uma borboleta pusa em meu ombro e o poder da Terra te envolve é por reconhecimento de sermos um.
Tento entre o nascimento das asas perceber cada partícula da dor que abre espaço na carne e no espírito. Minhas raízes buscam terras profundas.

Amiga, mãe, irmã, parte de mim...
Amo-te

Paula Zilá disse...

E a terra fértil, espera, tranquila, por aquela água - viva que a penetra macio, segura de sua maleabilidade, senhora de sua vitalidade- se insere no ventre fértil, num encontro silencioso, e cheio de estrondosA harmonia.

Felipe disse...

poderes e poderes que tem lá e na gente qdo nos descobrimos lá